Mad Men não conseguia viver sem Don Draper, uma personagem que era o arquétipo de um imaginário do homem dos 1960s, não o homem real, mas aquele que se viu durante décadas na ficção: bonito, bem-sucedido, com uma casa nos subúrbios, uma mulher bonita em casa que escondia uma série de problemas daquele tipo de casamento (mais do que a solidão, o isolamento em todas as suas variantes), filhos com uma figura paterna ausente e um enigma que demoraríamos a decifrar. Na agenda de Hamm havia espaço para aparecer em podcasts de comédia de amigos, sempre pronto para a palhaçada, para se rir de si próprio — essa raridade no meio — e para falar do próprio percurso — mais do que dos altos e baixos, os baixos — até chegar a Mad Men. Fez papéis em linha com o que se esperava, mas a maioria do trabalho girava à volta da comédia, como personagem ou a dar vozes a personagens, a maior parte em séries que o público de Mad Men nunca ousaria ver: por exemplo, como narrador em Legion, uma arriscada série de super-heróis da FX, que tem tanto de genial como de bizarro.
Author: André Almeida Santos
Published at: 2025-04-12 11:42:52
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