Virtude e preconceito

Virtude e preconceito


Ora, num país em que a carga fiscal representa cerca de 36% do PIB; num país onde o salário médio ronda os 1.700€; num país onde quem ganha 3 mil euros por mês é tributado à taxa de IRS marginal de 34,9%; um país onde um salário mensal de 3 mil euros se vê depenado em perto de 1/3 por retenção na fonte de IRS e contribuições à Segurança Social; num país onde as empresas podem pagar uma taxa efetiva de IRC de até 30%, fora as tributações autónomas – de que ricos estamos mesmo a falar? É também esta a cultura política que a certa altura se instalou em Portugal, a de que há preconceitos bons e preconceitos maus, e que os bons são – naturalmente – os advogados pela esquerda, que se arroga mesmo de ver a virtude nos seus preconceitos. O último suspiro da extrema-esquerda portuguesa está por horas, e as razões não são difíceis de perceber: uma total deriva woke e um alheamento completo dos reais problemas do país; e, sobretudo, a inevitável realização pelos portugueses de que a governação do país consiste em mais do que defesa das causas LGBT, chavões vazios sobre imigração, e ressentimento intrínseco pelos “ricos” que, percebemos agora, são os nossos amigos, irmãos, pais, filhos – porque, para a esquerda, todos somos ricos se não formos pobres.

Author: José Miguel Saraiva


Published at: 2025-09-27 23:05:53

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