«Vão-se “lixar”, não fazemos o que vocês nos mandam!»

«Vão-se “lixar”, não fazemos o que vocês nos mandam!»


Podemos concordar ou discordar dos pontos de vista políticos ali expressos, e devemos fazê-lo, mas exigir que as artes apenas expressem os nossos pontos de vista seria uma posição totalitária, e exigir que a arte fosse neutra de crítica, seria matar o próprio conceito de arte, de algo que tem o poder de criar impacto, e não indiferença. Concordemos ou não com ela, esta vaga assumiu o papel abandonado de “movimento indutor de auto-crítica”, como todos os movimentos de contra-cultura, fazendo com que hoje, ouvir Rage Against the Machine nos possa causar sentimentos de confusão, seja para quem seguia a contra-cultura antes, e hoje a rejeita, seja para quem a rejeitava antigamente e hoje a segue. Talvez a reflexão mais pertinente seja que aquilo que nos deverá inquietar não deverá propriamente ser os que gritam “F**k you, I won’t do what you tell me”, mas sim os que descobrem que já não precisam de o gritar; porque a rebeldia não pertence a um lado fixo da história, esta, enquanto impulso humano, não floresce na coerência ideológica, mas sim na fricção, no desconforto e nos sentimentos de injustiça e abandono.

Author: Ricardo de Oliveira Ai-Ai


Published at: 2025-06-28 23:05:47

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