Estamos, com efeito, num limiar crítico da união política europeia devido, justamente, a uma convergência absolutamente inusitada de um conjunto de fatores de alto risco que, em qualquer momento, podem eclodir e precipitar a colisão entre a democracia europeia e o Estado pós-nacional, que são funcionalmente interdependentes por via da atual governação multiníveis. O primeiro dilema coloca face a face, por um lado, a clara perda de centralidade do Estado e a sua capacidade de configurar a sociedade aberta e global e, por outro, a radicalização soberanista e populista da política doméstica que recupera o Estado central como se estivéssemos órfãos de Estado. O segundo dilema diz-nos que os impulsos mais fortes para a reforma da União Europeia virão do exterior, sobretudo na grande área da política externa, segurança e defesa (PESD) em todas as suas dimensões, onde se incluem os imigrantes e os refugiado, mas, também, a política energética e o combate contra a criminalidade financeira em matéria de offshores, evasão e fraude fiscais; porém, a reforma da PESD pode provocar fraturas internas profundas no alinhamento europeu de alguns Estados membros, em especial no plano orçamental com a eventual criação de um orçamento para a zona euro e uma nova estrutura de custos e benefícios do orçamento europeu.
Author: António Covas
Published at: 2025-11-30 00:10:40
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