Não havendo uma linha ideológica que distinga aliados de adversários, próximos de distantes, a Rússia interessa aos Estados Unidos pelo que pode contribuir para o controlo no Ártico (isto não é dito mas é óbvio nos mapas) e porque, quando desestabiliza a política interna e impõe limites à sua influência regional, pode empurrar a Europa para onde esta América a quer, ideológica e geograficamente. Ao contrário do que acontece relativamente à China ou à Rússia, a América de Trump, de Vance e de Musk considera a Europa, a da União Europeia e dos partidos que têm governado o Continente desde o fim da Segunda Guerra, um adversário ideológico. O discurso do anti-wokismo trouxe-nos aqui: à convicção de que a Europa liberal é o demónio e que os direitos dos gays, os refugiados ou as mulheres que têm sexo e vida própria são piores do que a “democracia” iliberal de Órban.
Author: Henrique Burnay
Published at: 2025-12-09 15:57:58
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