Sem Sebastião, a extinção parece logo ali

Sem Sebastião, a extinção parece logo ali


A comoção em torno da morte do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado tem sido imensa, até desmesurada em alguns veículos de comunicação (com repórteres de TV emocionados reportando em espasmos vocais o heroísmo do personagem que nunca conheceram de verdade). É que, nos dias atuais, quando morre um Sebastião Salgado, é forçoso reconhecer que o nosso pranto parece que é um pouco o pranto que derramamos por nós mesmos, pela consciência progressiva de que sua desaparição encerra um período luminoso do humanismo; o sumiço de tal capacidade de excelência é também um prenúncio de nossa iminente extinção. Em um cenário artístico que se empenha em atender rapidamente a demandas (tecnologicamente diagnosticadas), e não às inquietações do artista, ao tempo da arte, e que se gaba de conseguir um engajamento nunca igualado em velocidade jamais experimentada, as despedidas têm sido decretadas silenciosamente.

Author: Jotabê Medeiros


Published at: 2025-05-24 14:44:15

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