Roberto Amaral: Brasil e China — o abismo entre dois modelos de desenvolvimento

Roberto Amaral: Brasil e China — o abismo entre dois modelos de desenvolvimento


Os primeiros ideólogos do primarismo, implícita nele a dependência e a alienação de um projeto de nação e de país, destacaram-se ainda antes da Independência, e um de seus ícones certamente é o Visconde de Cairu, defensor da abertura comercial e de nossa integração atlântica — necessariamente dependente — como fornecedores de produtos primários (Princípios de economia política, 1804). Nos anos 1950 e 1960, essa China ainda reproduzia a matriz do modelo soviético de desenvolvimento, com ênfase em siderurgia, geração de energia e produção de máquinas de baixo nível tecnológico, mas lançava as bases de uma industrialização autocentrada e de um sistema de ciência e educação estatal, que, décadas depois, permitiriam a transição para o capitalismo de Estado reformado de Deng Xiaoping e o salto tecnológico das reformas a partir de 1978, vencida a “Revolução Cultural”. O Estado coordena o complexo educação–pesquisa científica–política industrial como um único projeto nacional de desenvolvimento, com definição clara de políticas prioritárias e investimentos persistentes na formação de matemáticos e engenheiros — no mesmo período em que o Brasil, no rastro das crises econômicas do final da década de 1970 e início dos anos 1980, ingressa num ciclo de descontinuidade dos projetos estratégicos e de redução da capacidade do Estado de coordenar investimentos e manter políticas estruturantes.

Author: Redação


Published at: 2025-11-07 12:09:09

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