Roberto Amaral: A impunidade faz mal à democracia

Roberto Amaral: A impunidade faz mal à democracia


Nasce com o golpe de Estado liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, em 1889, e se consolida com o golpe de Floriano Peixoto, que tomou para si a presidência, dois anos depois, rasgando a recém-promulgada Constituição de 1891, fundadora da República sereníssima, que logo se concilia com o atrasado regime da lavoura e da pecuária. Impunes e poderosos permaneceram os generais que intentaram o golpe de 11 de novembro de 1955 (contra a posse de Juscelino Kubitscheck), e anistiados seriam os capitães e coronéis da Aeronáutica, responsáveis pelos levantes de Jacareacanga (1956) contra a posse de JK, e Aragarças (1959), frustrada tentativa de depor seu governo. Trata-se, portanto, de fato inédito, e alvissareiro, nessa história, comandada e escrita pela classe dominante – seus agentes e intérpretes, os juristas que temos, os políticos e os militares que elegemos e formamos, a imprensa que aí está,– fazer sentar na cadeira dos réus criminosos de alto coturno como o capitão Bolsonaro e os generais que, após a safra dos quatro anos de seu colega-chefe, se associaram, sob seu comando, na tentativa de impor ao país mais um golpe de Estado, tramado na domesticidade do governo e do poder, às expensas do erário, golpe finalmente esboroado na malsucedida intentona de janeiro de 2023.

Author: Lucia Editora


Published at: 2025-09-06 11:54:52

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