O primeiro impacto de “Viver” não vem de sua ambientação precisa ou da elegância das imagens, mas da maneira como o silêncio parece vigiar os personagens, como se cada gesto estivesse sendo avaliado por uma consciência coletiva que atravessa a Londres do pós-guerra. Desde a primeira aparição de Williams, interpretado por Bill Nighy, percebe-se que ele já vive num estado de suspensão, cumprindo cada dia como extensão do anterior, sem qualquer urgência que não a da etiqueta social. Quando o parque fica pronto, o filme não trata isso como um final glorioso, e sim como a concretização de um gesto que só existe porque Williams descobriu, tarde demais, que a vida podia ser mais espessa do que a polidez permanente.
Author: Helena Oliveira
Published at: 2025-11-29 20:20:22
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