Após os insanos e, por que não dizer, bizarros discursos e desmandos do antigo governo, que romperam importantes tradições de continuidade e adaptabilidade e esgarçaram valores diplomáticos construídos desde os tempos de Rio Branco, isolando o Brasil na arena global, é compreensível que o atual governo e o Itamaraty busquem reconstruir a imagem do país perante o mundo. Se naquela época a intervenção presidencial na diplomacia brasileira permitiu que ela ainda conciliasse com êxito os paradoxos da adaptabilidade e continuidade no âmbito dos valores diplomáticos, o que colocou o Brasil num papel de mediador das crescentes tensões entre o Oriente e o Ocidente - vale lembrar o acordo nuclear entre Turquia e Irã mediado pelo Brasil em 2010 - hoje, a situação é diferente. Qualquer que seja o primeiro assunto tratado pelo Itamaraty, nele pode estar a chave para superar a guerra ideológica interna e, enfim, trazer de volta a reconhecida capacidade da diplomacia brasileira de articular soluções para o Brasil e retomar seu papel único de mediador na arena global - em vez de continuar servindo, ainda que involuntariamente, como combustível que alimenta a polarização e intensifica a crise generalizada que o país atravessa.
Author: The Conversation
Published at: 2025-07-07 12:34:43
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