O sertão que nos atravessa: Pensar Glauber Rocha hoje

O sertão que nos atravessa: Pensar Glauber Rocha hoje


Em Deus e o diabo na terra do sol e O dragão da maldade contra o santo guerreiro (e em outros filmes), Glauber recria o sertão como espaço de conflito entre temporalidades, como campo de luta entre forças históricas e míticas, como rasura contínua da ideia de um Brasil hegemônico. Porque pensar Glauber é expor-se à sua máquina de guerra: um cinema que não representa o Brasil, mas o explode; que não fala sobre o sertão, mas fala a partir dele, como se o sertão fosse menos um lugar do mundo do que uma posição no pensamento. O que esse tipo de crítica esquece é que, para ele, traduzir o real exigia não simplificar, e, sim, intensificar: recorrer a uma linguagem visionária, uma fala em estado de febre, que não explica o mundo – antes o interpela, o inquieta, o reinventa como imagem em transe.

Author: Amanda Massuela


Published at: 2025-05-21 12:26:00

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