Uma democracia onde a repetição de ciclos, a percepção de uma casta política entrincheirada nos seus próprios interesses – o “Bloco Central” das conveniências, mais do que das convicções – e a incapacidade de dar resposta às ansiedades profundas dos cidadãos (o futuro do trabalho, a crise climática, a vertigem da precariedade) foram gerando uma fadiga cívica. A saúde que definha à espera de cura, a educação que se debate com a falta de visão, a justiça que parece ter pesos e medidas diferentes, a habitação que se transforma em privilégio – tudo isto não são apenas falhas de gestão. É, em última análise, a própria ideia de um futuro partilhado, construído sobre a diversidade e o respeito mútuo, que arriscamos sacrificar em nome de uma ordem imposta, de uma identidade excludente, de uma paz que é apenas a ausência de conflito visível, mas não a presença da justiça.
Author: Eduardo Moreira da Silva
Published at: 2025-06-07 23:02:35
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