Em terceiro lugar, toda a gente acabou por admitir que a posição israelita de princípio – de que a existência de um Estado palestianiano com as prerrogativas de autonomia militar de um Estado político normal é incompatível com a segurança de Israel e, dada a inconfiabilidade e fanatismo das partes envolvidas, com a sobrevivência de Israel como Estado judaico – devia estruturar o futuro da Palestina independente. A experiência de uma chuva diária de rockets provenientes do outro lado da fronteira (a norte, do Hezbollah; a sul, do Hamas e da Jihad islmâmica), e finalmente o massacre do 7 de Outubro, mostraram a todos, e não apenas aos israelitas que as garantias formais e tácitas próprias da convivência de Estados independentes não servem para nada quando os governos desses Estados são partidos totalitários religiosos com cartas fundadoras marcadamente genocidas. Mas mais vale lidar com estas dúvidas, devidamente conscientes da complexidade de todas estas tarefas, do que alimentar a linha radicalmente imoral dos “activistas da paz” a que temos direito – que exigem, de um lado, a suspensão imediata das hostilidades para travar o “genocídio”, e, do outro, respondem com o apelo à continuação da guerra – a guerra que provoca o sofrimento que se diz querer fazer parar.
Author: Miguel Morgado
Published at: 2025-10-04 23:20:16
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