Cenários monumentais, embarcações que parecem recém-saídas de uma maratona de Photoshop e figurinos que beiram o fetiche histórico compõem uma narrativa de bravura higienizada, onde a poeira da guerra foi cuidadosamente lavada para caber em salas climatizadas. Quando Heitor questiona a validade de batalhas motivadas por orgulhos alheios, o filme insinua o que realmente interessa: a força de um herói não se mede pela habilidade de matar, mas pela capacidade de defender quem não pediu para estar ali. E enquanto houver quem se sinta provocado pela eterna pergunta, quem decide o valor de uma vida?, “Tróia” continuará fazendo aquilo que sempre quis: incendiar a consciência, ainda que sob o disfarce de entretenimento importado da Antiguidade.
Author: Helena Oliveira
Published at: 2025-11-08 12:57:58
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