Num tempo em que os profissionais se orgulham de funcionar mesmo adoecidos, em que o cansaço é um status de produtividade e a alienação virou forma de manter-se desejável, Camus volta como um fantasma lúcido. O que Camus intui, sem o vocabulário clínico do século 21, é aquilo que a psiquiatria só nomearia muitas décadas depois: o esgotamento como sintoma estrutural de uma vida sem margens. Nascido em 1913 na Argélia, então território francês, entre a luz brutal do Norte da África e as sombras da Europa em crise, Camus conheceu cedo a fricção entre o centro e a periferia, entre a ordem imposta e o absurdo vivido.
Author: Carlos Willian Leite
Published at: 2025-07-26 14:23:33
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