A história que Katell Quillévéré inscreve em “É Tempo de Amar” não é um retrato de época nem uma evocação sentimental: é a dissecação, desconfortavelmente bela, de vidas moldadas pela culpa e pelas concessões morais que o amor impõe. O filme chega ali não como quem encerra um ciclo, mas como quem reconhece o quanto da existência é feita de intervalos — momentos que escapam à lógica dos acontecimentos principais, mas que condensam tudo o que realmente importa. Quillévéré, ainda que não alcance aqui o nível de conexão visceral de “Réparer les vivants”, compõe uma narrativa que merece ser lida não apenas como crônica de um tempo ou de um casamento, mas como estudo daquilo que fica — o amor como retalho costurado com culpa, desejo e silêncio.
Author: Amanda Silva
Published at: 2025-06-01 18:24:32
Still want to read the full version? Full article