Por um lado, essa simplicidade, essa alegria, esse desejo de ter a todos, homens e mulheres e até criaturas como irmãs, esse património franciscano que o Papa Francisco vai buscar com o seu nome, mas, ao mesmo tempo, o património jesuíta de um certo apostelado culto inteligente, que não tem nada a ver com o erudito, não tem a ver com a inteligência teológica da realidade, mas que queira entrar em diálogo com a realidade e não cair sobre a realidade como uma espada que corta as coisas a meio. E, nesse sentido, acho que o Papa Francisco é uma confluência muito feliz e fecunda de duas tradições muito diferentes, que é a tradição franciscana, que é mais antiga, e jesuíta, mas que confluem no nome, depois no estilo, no pensamento e na ação do Papa Francisco, um jesuíta que escolheu o nome de Francisco. Mas também é interessante que, logo numa entrevista que o Papa deu a António Spadaro, o jesuíta diretor da [revista] La Civiltà Cattolica, no verão, imediatamente a seguir à sua eleição, onde ele diz de uma maneira muito clara que aprendeu muito, e aprendeu a custo e com sofrimento, o modo de governo que tinha tido como provincial, que ele dizia muito imediato, autoritário, que lhe deixou a imagem de ser ultraconservador e que ele aprendeu, à custa, depois, também do longo retiro que lhe foi imposto, quase lá numa zona perdida da Argentina, em que ele aprendeu, por exemplo, o valor de pedir conselho.
Author: João Francisco Gomes
Published at: 2025-04-22 17:02:25
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