O crime infame (Por J. A. Azeredo Lopes)

O crime infame (Por J. A. Azeredo Lopes)


Yav Gallant, então ministro da Defesa, justificava assim o cerco total de Gaza: “Combatemos bestas humanas e agimos em conformidade.” Já na altura, também, Netanyahu falava de uma guerra que opunha os “filhos da luz” aos “filhos das trevas”, tendo invocado várias vezes Amalec, a tribo inimiga figadal dos israelitas, e por isso merecedora de uma guerra santa, nos seguintes termos: “Matarás homens e mulheres, crianças e recém-nascidos, bois e ovelhas, camelos e jumentos [Samuel, 1, 15].” Que mensagem transmitia Netanyahu? Quando se diz que a comparação feita no tal cartoon é ilegítima, e se insinua que devia o cartoon ser proibido, promove-se um efeito inaceitável, o de considerar que se Gaza não pode ser comparada ao Holocausto, então não é “nada” – ou, vá lá, nada de grave. A respeito de Gaza, há quem, de forma compungida, mencione uma “tragédia”, como se matar deliberadamente à fome, ou assassinar mulheres e crianças, ou promover a expulsão “voluntária” de Gaza daqueles que venham a sobreviver, fosse uma desgraça divina, sem autoria humana.

Author: Da Redação


Published at: 2025-06-03 13:00:40

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