Nos 50 Anos do Fim do Império

Nos 50 Anos do Fim do Império


É certo que a nação surge quase sempre por obra de um Estado, e que os Estados, na generalidade dos países europeus, nasceram por vontade e ambição de príncipes que quiseram libertar-se dos seus suseranos, e que, juntando a sua vontade política à vontade dos grandes e do povo, souberam usar uma dissensão, uma humilhação até, para a secessão. E as comunidades políticas são também assim: os reis e os seus conselheiros tinham medo do vizinho, do castelhano soberbo, que, mais tarde ou mais cedo, ia unir a Espanha; os capitães e os missionários queriam a glória do Reino e do reino de Deus; os mercadores queriam os negócios, os tráficos, a fortuna. O Ultimato e a subsequente humilhação foram importantes porque acordaram a consciência nacional da Geração de Setenta, que tivera os seus devaneios cosmopolitas, europeus e iberistas, olhando para o país como um povo de saloios e beatas, pastoreado por padres concupiscentes, como o padre Amaro de Eça e governado pelos Gouvarinhos e pelos Abranhos com a burocracia dos Acácios.

Author: Jaime Nogueira Pinto


Published at: 2025-11-15 00:18:55

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