No Dia da Consciência Negra, o Brasil costuma revisitar figuras históricas consagradas, como Zumbi dos Palmares, Dandara e Luiz Gama, mas permanece devendo luz a um nome que deveria ecoar com igual força: Manoel da Motta Monteiro Lopes, o filho de africanos que ousou atravessar a Primeira República e sentar-se, negro e altivo, no plenário em que quase nada parecia lhe pertencer. "O que nos leva a ver o Monteiro Lopes como, digamos assim, uma grande exceção à regra, quase um mártir sozinho, é que a historiografia consolidada hoje sobre a Primeira República trabalha com determinados marcos da história política das elites brancas, e isso impossibilita ou dificulta muito a compreensão da organização dos negros, das formas de mobilizar e fazer política negra", diz a pesquisadora e professora da Universidade Federal Fluminense e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio-Fiocruz, no Rio, em entrevista ao Congresso em Foco. "O Monteiro Lopes vem de uma família que consegue, a partir da educação, uma inserção social importante, é uma família que tem destaque na comunidade africana, no Recife, e o Monteiro Lopes começa a sua carreira política no Recife, junto a esses trabalhadores, e fazendo um trabalho de base em comunidades em que havia muitos libertos para que se alfabetizassem e que se alistassem para votar", relata Carolina.
Published at: 2025-11-19 20:46:34
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