“Kramer contra Kramer”: o divórcio fez-se estrela

“Kramer contra Kramer”: o divórcio fez-se estrela


No caso de Robert Benton, um título avulta, indiscutido, como legado: Kramer contra Kramer, ou: o duelo entre dois dos melhores atores do último meio século: Dustin Hoffman, como Ted Kramer, e Meryl Streep, Joanna Kramer, um casal em rota de separação e em luta pelo filho Billy, um miúdo chamado Justin Henry que, aos oito anos, se tornaria a pessoa mais jovem de sempre a ser nomeada para um Óscar – e bem que o merecia. Kramer contra Kramer é o filme que fecha uma década extraordinária da cinema, a dos loucos que salvaram Hollywood e de uma ambição que nos levou do Espaço Sideral à selva do Vietname, dos ringues de boxe às ruas tomadas pela Máfia, dos Padrinhos, de Apocalipse Now, de Os Incorruptíveis contra Droga, Mean Streets, Taxi Driver, “Voando sobre um Ninho de Cucos”, “Tubarão”, “A Guerra das Estrelas”, “Laranja Mecânica”, “Chinatown”, de uma paixão desmesurada pelo que a câmara de filmar podia fazer, aos ombros de poetas megalómanos e actores tremendos que ou se tornaram imortais ou falharam clamorosamente a tentá-lo. François Truffaut era o nome que a Columbia pretendia para realizar, a ponto de já ter contratado como diretor de fotografia um dos seus colaboradores habituais, o espanhol Néstor Almendros, que tinha acabado de ganhar o Óscar pela cinematografia de Dias do Paraíso, o segundo e, durante 20 anos, último filme do mítico Terrence Malick.

Author: Alexandre Borges


Published at: 2025-05-17 11:07:06

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