Exemplos paradigmáticos são: a tarifa base de 30% sobre a China — ainda em fase negocial durante um período de 90 dias — com o propósito de enfraquecer a indústria tecnológica chinesa e reforçar a posição negocial dos EUA na disputa sobre Taiwan e o Mar do Sul da China; a ameaça de aumento das tarifas sobre a União Europeia, de 10% para 30%, caso esta não reforçasse as suas despesas com a defesa (que deu lugar ao acordo celebrado com a Comissão Europeia em 27 de julho, prevendo uma tarifa base de 15% sobre os bens da UE e 0% sobre as exportações norte-americanas, entre outros elementos); a ameaça de 25% sobre a Colômbia, caso o país não aceitasse as deportações de imigrantes em território norte-americano (o que foi prontamente aceite); e a ameaça de 50% sobre o Brasil, caso não fosse interrompida a perseguição político-judicial a Jair Bolsonaro. Neste modelo, a introdução de tarifas de 10 a 20% levariam, num horizonte de 5 a 10 anos, a uma subida do PIB norte-americano de 1 a 5% e a uma diminuição do deficit comercial equivalente a entre 0,5 e 1% do PIB, ou seja, entre 140 a 280 MM USD, o que, em termos percentuais, significa uma redução de 16,5% a 32,9%. A conjugação entre esta premissa e a preocupação com o défice explica a natureza dos novos acordos firmados com o Japão e a União Europeia, os quais se estruturam em dois pilares principais: i) tarifas alfandegárias de 15% aplicadas pelos EUA sobre as importações e isenção tarifária (0%) para as suas exportações; ii) compromissos de investimento estatal estrangeiro em solo americano, no valor de 550 mil milhões de dólares no caso do Japão e 600 mil milhões no caso da UE, acrescidos de 750 mil milhões em produtos energéticos nos próximos três anos (como substituto das importações russas), bem como um valor não divulgado em aquisições militares.
Author: Bernardo Ribeiro da Cunha
Published at: 2025-08-02 23:12:34
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