Europa, o risco de fadiga e deceção democráticas

Europa, o risco de fadiga e deceção democráticas


Isto é sobretudo verdade no plano europeu e, mais ainda, na União Europeia, em consequência de três factos políticos da maior relevância, a saber, a guerra entre a Ucrânia e a Federação Russa, a eleição de Donald Trump e o fim anunciado da ordem liberal multilateral do pós-guerra e, por último, a radicalização política interna e a legitimação do populismo autoritário por via eleitoral. No modelo político e no sistema de poder europeus seis fragilidades são especialmente notórias e preocupantes no atual contexto geopolítico: o frágil policy-making decision das suas atuais instituições (1), a ausência de um cluster tecno-digital de dimensão europeia e mundial (2), a escassa dotação de recursos próprios em matéria de energia e terras raras (3), o baixo investimento na indústria militar e a modernização do sistema de defesa europeu (4), a debilidade do mercado de capitais europeu (5), a frágil projeção do poder europeu no mundo multipolar em formação (6). O sistema de poder multipolar mundial exigirá, doravante, uma política externa e de segurança europeia mais baseada no hard power do que no soft power, ou seja, é necessário escolher bem os parceiros e reduzir as nossas vulnerabilidades, sabendo que a Rússia é um país hostil e a China um grande desafio sistémico; nos próximos anos a segurança e a soberania dependerão menos de tratados diplomáticos e mais de decisões estratégicas que reduzam a dependência de fornecimentos críticos, protejam infraestruturas e propriedade industrial, reforcem as parcerias no indo-pacifico e monitorizem a parceria entre a China e a Rússia.

Author: António Covas


Published at: 2025-05-02 23:06:02

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