O que começa como sátira de guerra termina como labirinto existencial, encharcado de absurdo e humanidade em proporções quase indistintas, como se o riso e o desespero fossem apenas dois modos de reagir ao mesmo enigma insolúvel: a sobrevivência. O abandono, nesse caso, não é falha do autor — é consequência natural do atrito entre uma mente que pensa como o mundo deveria ser e um livro que mostra o mundo como é, em sua engrenagem ilógica, circular, entrópica. Há, sim, um mecanismo linguístico intrincado e deliciosamente cruel, que prende o leitor num jogo de repetições, digressões e personagens que orbitam o caos como se este fosse o único centro possível.
Author: Carlos Willian Leite
Published at: 2025-05-17 15:18:38
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