Essa mistura de tradição comum com um modelo de identidade sociocultural, valorizando a diversidade biocultural dos territórios, fez com que, em março de 2023, o Ministério da Cultura juntamente com o Ministério da Agricultura, Soberania Alimentar e Florestas da Itália lançassem a culinária italiana para a Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. Tanto é assim, que no dia da morte e queda de Mussolini, 25 de julho de 1943, uma família partigiana e antifascista da Região da Emília-Romagna, os irmãos Cervi, como um ato político de resistência ao fascismo, distribuiu à população mais de 380 quilos de pastasciutta (um prato simples de massa branca com manteiga e queijo). Assim, o passado histórico fascista da alimentação em contraste com a atual da candidatura da culinária italiana à Unesco, nos convida a refletir sobre a dialética do patrimônio cultural alimentar tradicional dos povos: onde a comida transcende a mera nutrição e assume uma dimensão simbólica e social profunda, sendo, inclusive, usada como instrumento por regimes políticos.
Author: Anita Mattes
Published at: 2025-05-31 18:24:07
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