Há uma espécie de obsessão intermitente no cinema contemporâneo: a insistência em retratar o colapso da civilização como forma de escancarar o impasse entre o homem e o ambiente que o cerca. Assim como Kubrick reconfigurou o cosmo em “2001”, Ridley Scott reinventou o futuro distópico urbano em “Blade Runner” e os irmãos Wachowski elevaram a paranoia existencial a patamares filosóficos em “Matrix”, Garland desvia da estrada asfaltada pelo gênero para trafegar em terrenos mais irregulares, onde o desespero é menos espetáculo e mais ruído íntimo. O enredo poderia parecer corriqueiro: os Estados Unidos divididos, uma guerra civil em andamento e uma equipe de jornalistas cruzando o território em frangalhos para entrevistar um presidente que se recusa a largar o poder.
Author: Fernando Machado
Published at: 2025-04-19 18:17:33
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