A 15 quilômetros da cidade de Gaza, sob uma tenda montada em um campo de refugiados, cerca de 250 pessoas se reuniram diante de uma TV de 55 polegadas alimentada por um gerador para assistir a um dos filmes mais impactantes do ano: A Voz de Hind Rajab (Sawt Hind Rajab, Tunísia/França/Estados Unidos, 2025), que abriu o Festival Internacional de Cinema de Mulheres de Gaza no fim de outubro. Dirigido pela tunisiana Kaouther Ben Hania e representante do país africano no Oscar, o longa que chega aos cinemas brasileiros em janeiro é o exemplar mais recente e emotivo de uma leva de tramas que correram contra o tempo para pontuar e denunciar os horrores de guerras ainda em curso — oferecendo recortes dramáticos entre o caos das coberturas ostensivas do noticiário e das redes sociais. Desse olhar atualíssimo e desafiador saíram também a série antológica One Day in October, da HBO Max, que dramatiza o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1 200 pessoas, além de documentários como 20 Dias em Mariupol e Sem Chão — ambos venceram o Oscar nos dois últimos anos ao retratar, respectivamente, os conflitos entre Rússia e Ucrânia, que totaliza até o momento 350 000 militares e 14 300 civis mortos, e entre Israel e Hamas — com mais de 67 000 vítimas que morreram, sendo a maioria delas civis palestinos.
Author: Amanda Capuano
Published at: 2025-11-08 11:00:32
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