Crónica dos “feitos” da Guiné

Crónica dos “feitos” da Guiné


Os guerrilheiros do PAIGC, com uma rectaguarda fortíssima em termos logísticos proporcionada pela vizinha de Conacri, movendo-se em reduzidas unidades, muitas delas constituídas por não mais de uma dúzia de homens, com grande conhecimento do terreno – o território é um labirinto de cursos de água – emboscavam o inimigo com uma simplicidade de processos que a todos espantava. Ao contrário da Frelimo em Moçambique ou dos três movimentos de libertação em Angola, o PAIGC, como resultado de uma correlação de forças que lhe era altamente favorável no terreno, empertigou-se e não teve pejo em declarar unilateralmente a independência do país desde as colinas de Madina do Boé, a 24 de Setembro de 1973, ainda a revolução de Abril em Portugal não era sequer uma miragem. O ex-presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, um dos observadores internacionais do escrutínio, mostrou-se incrédulo, afirmando que a Guiné-Bissau havia inaugurado um novo género de golpe, ao qual deu o nome de “golpe cerimonial”, por ter sido o próprio presidente, Sissoco Embaló, a quem a contagem dos votos não corria de feição, a anunciá-lo, apressando-se, pasme-se, a telefonar para a publicação “Jeune Afrique” contando o que se estava a passar numa clara tentativa de vitimização.

Author: João Vaz de Almada


Published at: 2025-12-06 00:12:38

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