No auge da turbulência mundial — maio de 68, Guerra do Vietnã, radicalização política — e quatro anos após o golpe militar no Brasil, Caetano lançou um disco que celebrava a contradição, o risco e a ironia em pleno cerco autoritário. A recitação parodiada da carta de Pero Vaz de Caminha, o baião misturado com orquestrações suaves, as imagens de um país partido e exuberante — tudo compunha uma alegoria que traduzia o Brasil como uma instalação viva, caótica, repleta de contrastes. O objetivo era rasgar as fronteiras entre alta e baixa cultura, revelar o Brasil como um “universo paralelo”, capaz de enfrentar tanto a caretice nacional quanto o imperialismo americano.
Author: Anajú Tolentino
Published at: 2025-11-29 06:00:42
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