Fazendo uma mescla de RPGs de ação como Path of Exile e roguelikes como Hades, campanhas reiniciadas do zero a cada nova morte e um conjunto de melhorias permanentes que podem ser usadas em novas tentativas, Hell Clock é, literal e metaforicamente, uma obra de resistência que tenta mudar, ao menos na ficção, uma mancha inapagável da nossa história, mas que busca, acima de tudo, ser um videogame marcante por uma gameplay que conversa com a própria temática que a trama aborda. Ao longo dos últimos anos, a Rogue Snail se especializou em desenvolver RPGs e jogos de loot com visão top-down, e embora Mark Venturelli destaque que Relic Hunters Legend ainda é o jogo de maior escala da história da desenvolvedora brasileira, Hell Clock também é um jogo de grande escopo para os padrões do mercado brasileiro e que soma anos de experiência da desenvolvedora pra entregar um jogo envolvente tanto em gameplay quanto narrativamente, mergulhado em um dos episódios mais sangrentos da história brasileira e dando destaque a figuras de resistência na Guerra de Canudos, como o próprio Pajeú, protagonista do jogo, Antônio Conselheiro, líder do movimento, e o guerrilheiro João Abade, com quem dialogamos no começo de cada nova campanha e com qual obtemos equipamentos melhorados conforme desbloqueamos novos itens. Ele destaca que a população do país muitas vezes desconhece a própria história e, por isso, o RPG de ação e roguelike brasileiro tem a chance de apresentar a história da Guerra de Canudos sob a perspectiva de uma população que foi massacrada pelo Exército Brasileiro, inclusive com assassinatos em massa de crianças, mulheres e idosos findando o conflito ocorrido entre 1896 e 1897.
Author: Gabriel Sales
Published at: 2025-07-22 13:30:34
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