O Império Romano, que começou por reprimir o cristianismo, acabou por o promover: os momentos decisivos nesse processo de cristianização foram a promulgação do Édito de Serdika (ou Édito da Tolerância), em 311, pelo qual o imperador Galério proibiu a perseguição dos praticantes da fé cristã; a promulgação do Édito de Milão, em 313, pelo qual Constantino I determinou que o cristianismo era uma das religiões aceites pelo Império (apesar da sua manifesta simpatia pelo cristianismo, Constantino só se faria baptizar no seu leito de morte, em 337); e a adopção do cristianismo como religião oficial do Império, em 380, no reinado do imperador Teodósio I (realce-se a gradação: tolerância, aceitação, oficialização). O Project 2025 é apresentado como um “projecto de transição presidencial”, que fornece orientações políticas e sugestões de nomes de confiança para preenchimento de postos de responsabilidade, não só no gabinete presidencial como em toda a administração federal, e tem como base a nona e mais recente versão do Mandate for Leadership, subintitulada The Conservative promise, um documento de 922 páginas que contou com o contributo de 400 peritos e consultores e foi publicado em Abril de 2023; o comediante Keenan Thompson apresentou o cartapácio, na Convenção Nacional Democrata de 2024, como sendo capaz de “matar um pequeno animal e a democracia ao mesmo tempo”. Que não reste qualquer dúvida: o Project 2025 não é um mero instrumento burocrático destinado a facilitar a transição entre a Administração Biden e a Administração Trump 2.0 – é um plano minucioso de assalto ao poder e por trás da sua nebulosa de medidas está o grande desígnio ideológico de suster a (suposta) decadência dos EUA, o que requer acções em quatro frentes principais: “1) Recolocar a família no centro da vida americana e proteger as nossas crianças; 2) Desmantelar a administração estatal e devolver a autogovernação ao povo americano; 3) Defender a soberania, as fronteiras e as riquezas da nossa nação contra ameaças globais; 4) Assegurar os direitos individuais a uma vida livre que nos foram outorgados por Deus – aquilo a que a nossa Constituição designa como ‘as Bênçãos da Liberdade’” (in Mandate for leadership: The Conservative promise).
Author: José Carlos Fernandes
Published at: 2025-06-14 14:11:39
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