A conclusão do ex-Presidente é que o almirante até pode ter “muitos predicados”, mas fica para ele claro que “não possui as competências e qualificações para exercer as funções de Presidente da República no quadro internacional incerto e complexo que se perspetiva para os próximos cinco anos.” Cavaco Silva destaca que o resultado das Presidenciais não o afeta “pessoalmente”, mas “em consciência” não podia deixar de “alertar os portugueses” para o “risco de instabilidade” que o país corre se Gouveia e Melo for eleito Presidente. Para esse contexto, Cavaco sugere que os portugueses escolham um Presidente “capaz de garantir a estabilidade política, de construir pontes e facilitar consensos é da maior importância.” Daí que desaconselhe vivamente os “portugueses a votarem em candidatos que não possuam os conhecimentos, a experiência política e as qualificações indispensáveis para exercer uma magistratura de influência ativa facilitadora de consensos entre o Governo, a oposição e as instituições da sociedade civil e que não sejam capazes de atuar como reserva de último recurso no caso de Portugal ser atingido por uma crise grave.” Gouveia e Melo reagiu, na altura, com alguma ironia ao artigo do antigo Presidente da República: “Estranhei a posição, porque pelo perfil que o professor Cavaco Silva define para Presidente, parecia que estava a apoiar mais diretamente o candidato António José Seguro.” Para o almirante, além de ter apontado “alguém com experiência política anterior”, Cavaco também acabara de traçar “um perfil de distanciamento partidário e de seriedade, que cabe melhor a António José Seguro que a Marques Mendes.” E ainda sugeriu — nessa reação de setembro — que Cavaco Silva não estava a querer assumir verdadeiramente a sua posição: “Não teve a coragem de dizer, claramente, e assumir diretamente que é apoiante de Marques Mendes”.
Author: Rui Pedro Antunes
Published at: 2025-11-07 07:06:38
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