Bases dos EUA na América Latina são versão contemporânea da Doutrina Monroe, segundo analistas

Bases dos EUA na América Latina são versão contemporânea da Doutrina Monroe, segundo analistas


Supostamente em prol da cooperação regional e do combate ao narcotráfico, essas bases cumprem funções logísticas, de espionagem, treinamento e, em alguns casos, vigilância direta de zonas de instabilidade ou recursos naturais.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, especialistas analisam se as bases norte-americanas na América Latina seriam uma estratégia para militarizar a região.Bruno Lima Rocha, cientista político, jornalista e professor de relações internacionais, considera que as bases estadunidenses são uma espécie de provocação permanente, uma forma de projetar poder, além de uma clara violação à soberania dos países locais. Então até por uma contenção, até por uma atividade, diria eu, de prevenção de perda de soberania, no limite de contrainteligência, é muito perigoso ter muito pessoal treinado, profissional, de um país estrangeiro no teu país", afirma.Ele afirma que a manutenção de bases militares norte-americanas na América Latina "é o imperialismo".Rocha afirma que é possível para países latino-americanos retirar as bases norte-americanas de seus respectivos territórios e cita o exemplo do Equador, onde o ex-presidente Rafael Correa retirou a base de Manta após encerrado o contrato de convênio. "Thiago Rodrigues, professor de relações internacionais do Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense (Inest/UFF), afirma que a existência de bases militares norte-americanas na América Latina é um problema antigo, "que não parece que vai arrefecer agora, principalmente com o governo Trump".Rodrigues afirma que a presença das bases militares são um resquício da Doutrina Monroe, que "nunca deixou de existir" e vai "sendo adaptada".No recorte do Brasil, sobre a recente visita de diplomatas norte-americanos para articular o uso irrestrito da base do aeroporto de Fernando de Noronha e da Base Aérea de Natal, no Rio Grande do Norte, sob o argumento de "direito histórico de retorno operacional" por investimentos feitos pelos EUA durante a Guerra Fria, Rodrigues diz se tratar de "bravata" para criar "um fato político".Questionado sobre se o governo de Donald Trump poderia usar o combate ao narcotráfico como justificativa para implementar uma base militar no Brasil, uma vez que passaram a designar facções criminosas como terroristas, Rodrigues descarta essa possibilidade.

Author: Rádio Sputnik


Published at: 2025-06-03 21:45:00

Still want to read the full version? Full article