Antologia sem tempo

Antologia sem tempo


Em 2003, através de um conjunto de ensaios de diversos críticos (com o título Nova Poesia Portuguesa) ou num curioso número, em 2013 (com o título O Estado da Poesia), onde a resposta relativamente ao “estado” era deixada a um conjunto de poetas e onde o esforço crítico era investido, inclusive, de uma rejeição da própria pergunta (basta ler o depoimento de Miguel-Manso nesse número, mesmo que cheio daquela pose banal de desafectação que todo e qualquer poeta, actualmente, dá). –, Miguel-Manso parece culpar o digital de uma coisa qualquer que não se percebe bem, Tatiana Faia não se parece importar muito com as perguntas porque, logo após afirmar que a poesia portuguesa “é feita por e para uma pequena comunidade de leitores”, começa a falar sobre os poemas que lhe importa ler, Cáudia R. Sampaio, mérito lhe seja concedido, dá respostas humorísticas (“um café hipster com cheiro a abacate em tosta mas com naperons nas mesas” é a resposta que dá quanto à recepção e leitura da poesia) e João Pedro Moreira dá uma resposta que se situa algures entre um manual de autoajuda e as boas intenções de um deputado de um partido do centro do espectro político. De facto, ao perder a relação com o termo “geração”, a poesia “de agora”, não surgindo depois de nada nem de ninguém (recusando, então, o jogo moderno), não é historicizável, isto é, passível de ser subsumida numa história da poesia onde uma geração se segue a outra, um grupo a outro, a Presença a seguir a Pessoa, o Neo-realismo a seguir à Presença, a Poesia 61 a seguir ao Neo-realismo, o grupo do cartucho a seguir à Poesia 61.

Author: João Oliveira Duarte


Published at: 2025-05-05 18:53:32

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