Análise: guerra tarifária cria oportunidade para o agro brasileiro alavancar a reindustrialização

Análise: guerra tarifária cria oportunidade para o agro brasileiro alavancar a reindustrialização


Os números sugerem que, apesar da turbulência global, no recorte interno o momento é bom para o Brasil.Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas analisam se o governo pode aproveitar a alta demanda do agro, impulsionada pela guerra tarifária, para financiar o projeto de reindustrialização, atrair novos parceiros comerciais e implementar transferências de tecnologias.Fernando Goulart, pesquisador do Núcleo de Estudos dos Países BRICS (NuBRICS), da Universidade Federal Fluminense (UFF), e doutorando em ciência política pela universidade, afirma que o plano de reindustrialização, também chamado neoindustrialização, tem como primeira missão exatamente fomentar as cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais para a segurança alimentar, nutricional e energética, e que o Planalto pode orientar o agronegócio para financiar esse projeto.O aumento da demanda do agronegócio brasileiro vai mexer com várias cadeias produtivas diferentes, diz Goulart, como a indústria de maquinário agrícola.Nesse contexto, ele acrescenta que também será necessário investir em logística para melhorar estradas e ferrovias, o que aumenta também a demanda por aço, fomentando a indústria do setor, além de impulsionar a construção civil.O pesquisador destaca que entre os países do BRICS há grandes oportunidades de parcerias que envolvam transferência de tecnologia, principalmente com a China, Índia e Rússia.A China já é o principal parceiro comercial do Brasil, principalmente nas máquinas agrícolas e ferrovias, mas a Índia também possui potencial nesses setores, além da biotecnologia e das vacinas. Já a Rússia é forte na tecnologia agrícola e poderia desenvolver uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).Goulart afirma que a guerra comercial que os Estados Unidos está travando cria uma oportunidade para o Brasil substituir o lugar dos norte-americanos em mercados globais, especialmente se conseguir concluir a rota entre os portos do Sudeste e o Peru. "Falando sobre esse ponto, Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec Rio de Janeiro, afirma que o grande gargalo da questão do agronegócio no Brasil ainda é a questão do escoamento, principalmente em áreas de cultivo, que dificulta a chegada da produção até os corredores de exportação.A questão da logística interna, diz Braga, deve ser o foco do momento, uma vez que é difícil identificar exatamente quais mercados o Brasil poderia explorar.

Author: Melissa Rocha


Published at: 2025-05-06 19:17:01

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