Em 30 de abril de 1975, o conflito foi declarado oficialmente encerrado, após 16 anos de confrontos entre tropas norte-americanas e o Exército do Vietnã do Norte.Antes da guerra, o Vietnã, hoje reunificado, era dividido em dois países, de zonas de influências distintas: Vietnã do Norte, que tinha como capital Hanói e era apoiado pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS); e Vietnã do Sul, que tinha como capital Saigon e era apoiado pelos EUA.Nos dias que antecederam o anúncio oficial do fim do conflito, tropas norte-americanas evacuaram várias cidades do Vietnã do Sul, e em 30 de abril tropas do Vietnã do Norte tomaram Saigon sem encontrar resistência, e rebatizaram a cidade de Ho Chi Minh, em homenagem ao então governante do Vietnã do Norte, figura central na vitória.O episódio é considerado uma derrota histórica da máquina de guerra norte-americana, embora os EUA não reconheçam oficialmente o fato. Reunificado e livre da influência norte-americana, o Vietnã é hoje uma das economias mais prósperas do Sudeste Asiático, com projeção de PIB de 6,5% neste ano, segundo dados do Banco Mundial, além de ser uma referência no Sul Global próxima ao BRICS.À Sputnik Brasil, Charles Pennaforte, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e coordenador do Laboratório de Geopolítica, Relações Internacionais e Movimentos Antissistêmicos (LabGRIMA), afirma que a guerra deixou no Vietnã cerca de 2 milhões de mortos, "entre soldados, combatentes e população civil", enquanto as perdas do lado estadunidense giram em torno de 350 mil soldados.Segundo ele, do ponto de vista geopolítico, a Guerra do Vietnã deixa como principal legado "a derrota fragorosa dos EUA".Pennaforte explica que a guerra do Vietnã é um marco também porque reformulou a política norte-americana em relação às Forças Armadas, principalmente a questão da convocação. Fora isso, a prioridade sempre é de mísseis de longo alcance, como foi no caso da Sérvia, evitando o máximo possível de perdas, que é o que mais assombra a sociedade americana desde a Guerra do Vietnã", afirma.No recorte do Vietnã, Pennaforte afirma que a guerra deixou o país "arrasado" do ponto de vista de infraestrutura, e nos anos seguintes o país buscou apoio da União Soviética e da China para "reverter o quadro de destruição".Nesse contexto, ele afirma que hoje o Vietnã é um país capaz de "se desenvolver razoavelmente bem e tem uma característica bem mais dinâmica em função desse cenário de abertura econômica no sentido clássico".Outro legado da Guerra do Vietnã é que os custos sociais de se envolver em conflitos foram revistos após esse marco, conforme aponta à reportagem Valter Peixoto Neto, bacharel em comércio exterior, pós-graduado em relações internacionais e em câmbio, analista político independente do Sudeste Asiático e da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) e host do podcast MenteMundo, no Spotify, onde apresenta uma série de cinco episódios sobre a Guerra do Vietnã.
Author: Melissa Rocha
Published at: 2025-04-30 21:04:06
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