Aline Blaya: Quem acessa as emergências de Porto Alegre?

Aline Blaya: Quem acessa as emergências de Porto Alegre?


Há 5 anos comecei a olhar para a saúde coletiva a partir dos serviços de urgência e emergência de Porto Alegre e é inimaginável o caráter pedagógico que o Sistema e a sociedade poderiam ter acesso caso fizessem cotidianamente da emergência um locus de observação, planejamento e gestão de políticas públicas. Sim, todas as possibilidades são reais, contudo, o que é mais notável é que há falta de informações importantes, que, em pleno 2025, não podem mais ser negligenciadas, ainda que sob o argumento de que já foi muito pior ou de que é bem melhor do que em outros lugares. Enquanto não conseguimos ampliar expressivamente os leitos de retaguarda que desafogariam as emergências, enquanto trabalhamos para desnaturalizar a desumanização do processo de trabalho nas emergências, precisamos entender que pequenos ajustes nos sistemas de informação hospitalar de Porto Alegre e a sensibilização dos profissionais, sobre a importância da notificação precisa de informações, sobre raça/cor, etnia, orientação sexual, identidade de gênero, presença de indícios de violência e causa precisa da busca pelo atendimento, poderiam nos permitir entender quem são as pessoas mais vulnerabilizadas dentro da estrutura social que buscam cuidado nas emergências e quais os desfechos deste atendimento para que políticas públicas efetivas de proteção e mitigação de danos pudesse ser construídas.

Author: Aline Blaya


Published at: 2025-09-09 19:03:51

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