Com efeito, por linha de varonia, era bisneto de Gonçalo Lourenço de Gomide, 1º Senhor de Vila Verde dos Francos, que foi casado com Inês Leitão, sendo pais de João Gonçalves de Gomide, 2º Senhor de Vila Verde dos Francos, Alcaide-mór de Óbidos e Escrivão da Puridade de D. João I, ou seja, uma espécie de chefe de gabinete, ou secretário, do primeiro monarca da dinastia de Aviz. A malograda avó paterna do famoso Governador da Índia, Leonor de Albuquerque, era filha de Gonçalo Vaz de Melo, Senhor de Castanheira, e de Isabel de Albuquerque, a qual descendia, por varonia de sua mãe, Teresa de Albuquerque, de um filho bastardo de el-Rei D. Dinis, que casou com D. Teresa Martins de Menezes, 5ª Senhora de Albuquerque, que, por sua mãe, era neta do Rei Sancho IV de Castela e, por varonia, terceira neta de Afonso Teles, 1º Senhor de Albuquerque, e de sua mulher Teresa Sanches, filha de el-Rei D. Sancho I. Acrescente-se ainda que a infeliz Leonor de Albuquerque era irmã de Teresa de Albuquerque, mãe de Catarina de Albuquerque, que casou com Nuno da Cunha, sendo pais de Tristão da Cunha, que conviveu com seu primo Afonso de Albuquerque – suas avós eram irmãs – e descobriu, no hemisfério sul, as ilhas que têm o seu nome. Nas últimas palavras do grande Afonso de Albuquerque, que bem podiam ser o seu epitáfio, há alguma tristeza, devida à ingratidão do seu monarca e de alguns dos seus subalternos, embora prevaleça a atitude cristã de quem perdoa os seus inimigos e é consciente de que não foi em vão o sacrifício da sua vida, por ter sempre servido, em primeiro lugar, a Deus: “mal ante elle [el-Rei] por amor dos homens, e mal com os homens por amor d’elle [el-Rei], compreme acolher à igreja.” Como resposta à injustiça humana, a Afonso de Albuquerque só lhe resta o justo juízo de Deus, que é misericordioso, e compensa e supera as ingratidões humanas.
Author: P. Gonçalo Portocarrero de Almada
Published at: 2025-09-19 23:16:04
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