Abracadabramarajá (por Gustavo Krause)

Abracadabramarajá (por Gustavo Krause)


Curiosamente, tinha como base partidária o PTB de Getúlio, o ditador deposto, desde então recolhido em exílio voluntário na fazenda Itu (Município de Itaqui, RGS), e do PSD que, com o passar do tempo, transformou-se em escola política de pragmatismo e vocação para a conciliação e para o poder. Para o conceito de identificação popular, Jânio dispunha de um arsenal de símbolos, que ia do sanduíche que comia ostensivamente nos comícios, após fartas refeições, passando pelo desalinho dos cabelos polvilhados de caspas produzidas, até a adoção de uma farda presidencial que fez sucesso na década de sessenta: o blujânio. O ex-governador de Alagoas, embora inconsistente como algodão-doce e empostado como galã de novela das oito, descobriu uma palavra mágica como combustível da campanha: marajá, que também é símbolo do clientelismo, do privilégio odioso, da mutretagem e da esperteza, expedientes que irritam o cidadão comum.

Author: Da Redação


Published at: 2025-05-11 14:00:00

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