Pela edição de 27 de março d’O Tempo, jornal dirigido pelo advogado António Macieira, sabemos que, dias antes, num encontro internacional sobre a separação de Estado e da Igreja promovida pelo Grémio Lusitano, o então ministro da Justiça do Governo Provisório, Afonso Costa, terá dito: “Está admiravelmente preparado o povo português para receber esta lei; e a acção da medida será tão salutar que em duas gerações Portugal terá eliminado completamente o catolicismo que foi a maior causa da desgraçada situação em que caiu”, depois de alegadamente ter invocado a sua qualidade de maçon. Enquanto a primeira apenas voltou a introduzir em vigor a lei de expulsão dos Jesuítas decretada pelo governo absolutista de Marquês de Pombal (nesses tempos do “Rei em Torno e o Marquês no Trono”) de 3 de setembro de 1759, a segunda mais não fez senão repor o decreto de 1834 de Joaquim António de Aguiar, o “Mata-Frades”. Desenraizados e sem soberania, expostos continuamente ao caciquismo e ao arrivismo, ao clientelismo e ao partidarismo, afeitos ao predomínio desaforado do capital sobre o trabalho, serenos expectadores de uma oligarquia exclusivista democrática, transformados em meros “homo economicus” despojados de toda a relação moral e social, não sendo a sociedade mais que uma soma aritmética de indivíduos a-históricos, que nos deu a República, se nos tirou a História?
Author: Pedro Ranito Chaves
Published at: 2025-10-04 23:11:32
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