A pergunta que Tolstói fez há 140 anos, Kurosawa traduziu em cinema — e agora ressurge no Prime Video com uma delicadeza que pode mudar sua vida

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Muito antes de seu último ato, Oliver Hermanus esmiúça a tediosa vida de Williams, voltando ao filme de mesmo título lançado por Akira Kurosawa (1910-1998) em 1952, mas lançando mão de muita personalidade ao deslocar o enredo de Tóquio para Londres já na abertura, quando reforça o vermelho dos ônibus típicos de dois andares da capital da Inglaterra, contando com a fotografia envelhecida de Jamie D. Ramsay. O roteiro de Kazuo Ishiguro é quase todo ancorado no provecto anti-herói de Nighy, um dos intérpretes mais rigorosos de sua geração, hábil em transmitir a quem assiste a dificuldade de Williams quanto a assimilar as incessantes metamorfoses da sociedade pós-Segunda Guerra Mundial (1939-1945), uma sensação que o ator possivelmente divide com o homem melancólico a quem dá vida, num mundo assolado por influenciadores digitais tornados celebridades instantâneas, riquíssimos e orgulhosos de sua ignorância. O ambiente de trabalho de Williams é composto por homens muito mais jovens, incluindo o novato Peter Wakeling, de Alex Sharp, e uma moça, Margaret Harris, de quem se aproxima num momento de inédita fragilidade.

Author: Giancarlo Galdino


Published at: 2025-04-07 18:33:45

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