Este acordo completa a divisão da Ucrânia em dimensões distintas de preponderância: enquanto Moscovo consolida, no campo de batalha, a partição militar do território ucraniano com a anexação da Crimeia e a ocupação de cerca de 18% do país a leste, Washington assegurou para si uma parcela significativa da riqueza mineral ucraniana. Seduzida por promessas de apoio ocidental e aspirando integrar-se ao bloco da OTAN e da União Europeia, o Estado ucraniano descurou a sua condição singular: um país de importância crucial, encravado entre o Oriente e o Ocidente, com profundos laços históricos e culturais com a Rússia, e geograficamente vizinho à maior potência militar da Eurásia. Com o colapso da URSS em 1991, a recém-independente Ucrânia herdou, não apenas um arsenal nuclear – devolvido à Rússia nos anos 90 mediante determinadas garantias de segurança fixadas no “Memorando de Budapeste” de 1994, que se provariam insuficientes – mas também o desafio de definir um caminho próprio entre a herança oriental e a aspiração ocidental.
Author: Bernardo Ribeiro da Cunha
Published at: 2025-05-24 23:13:11
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