Por trás da tensão entre as duas candidaturas há, é claro, razões políticas: a potencial divisão da direita e as tentativas de Pedro Duarte (e Luís Montenegro) de convencer Araújo a não avançar foram o rastilho para o clima que se vive agora; pelo meio, ambos lutam pelo legado de Rui Moreira — e Duarte puxa também pelo de Rui Rio; antes disso, os dois já se conheciam dos tempos da JSD e do PSD. Os dois contam versões diferentes sobre o que aconteceu nesse dia: num dos debates que os opuseram, Araújo garantiu que foi convidado para ser número dois da candidatura de Duarte e que essa é a “pura verdade”, uma informação que o próprio desmentiu; Araújo insinuaria fortemente que o convite foi feito pela boca de Montenegro, mas com Pedro Duarte presente, naquele encontro “a 30 de dezembro, se não me engano, às 11h30, num hotel conhecido em Espinho”, como descreveu em entrevista ao Observador. As duas partes juram que chegaram ao hotel de boa fé e com vontade de chegar a um acordo: o PSD e o CDS queriam que Araújo (assim como outras figuras cimeiras da sua candidatura) fosse integrado nas listas, tentando evitar o perigo de divisão à direita numa oportunidade crucial para reconquistar a autarquia; do lado de Araújo o Observador ouviu também a descrição das tentativas de chegar a acordo — Araújo queria continuar com a lógica do movimento independente e aceitaria o apoio dos partidos, a sua presença “com bandeiras” nas ações de campanha e a presença permanente de um “representante”, como Pedro Duarte, assim como a presença de Montenegro na noite eleitoral, para que o PSD pudesse reclamar vitória para si nessa noite.
Author: Mariana Lima Cunha
Published at: 2025-10-08 16:52:03
Still want to read the full version? Full article