Os media têm vindo a alimentar, há já várias décadas, a escalada das ameaças potenciais que pesam sobre o quotidiano na cidade, especialmente desde a viragem em matéria de segurança provocada pelos atentados de 11 de setembro de 2001. Para justificar a crescente implantação de dispositivos de controlo ou de vigilância, decisores políticos e especialistas misturam, sob o título «segurança», perigos terroristas de inspiração islâmica ou ecologista, a delinquência comum, os movimentos sociais e os comportamentos desordeiros. Foi o que aconteceu em 2024, durante a organização dos Jogos Olímpicos de Paris, que transformaram a paisagem urbana da capital num teatro do medo: helicópteros e drones sobrevoaram diariamente o céu; foram destacados 18 000 soldados, 5000 dos quais num acampamento a sul de Paris — «algo nunca visto desde a Segunda Guerra Mundial», segundo o economato das forças armadas; foram colocadas 44 000 barreiras de segurança; foram mobilizadas várias dezenas de milhares de polícias; instalou-se à pressa inteligência artificial de segurança; o acesso ao espaço público foi sujeito a passes eletrónicos e os transeuntes a revistas na rua.
Author: Thomas Jusquiame
Published at: 2025-11-03 12:28:40
Still want to read the full version? Full article
