Há luz que respeita pele, há enquadramentos que protegem a dignidade dos rostos, há uma direção de arte que transforma o Planalto de Abomé em personagem — não tanto pela grandiloquência de paisagens, mas pela relação entre arquitetura e ritual, tecido e gesto, arma e canto. A montagem privilegia a legibilidade; em vez de triturar o combate, permite que a coreografia comunique a estratégia, o erro, a dor. O discurso mais forte é sempre o gesto — a mão que toca a cabeça raspada de uma novata, a maneira de distribuir o peso de uma lança, o riso que interrompe a solenidade para lembrar que o corpo que luta é o mesmo que dorme, come, canta, deseja.
Author: Amanda Silva
Published at: 2025-08-31 21:52:05
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